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Revolução econômica

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Estamos sob uma revolução econômica mundial de mudança do capitalismo que deixa de ser industrial e passa a ser predominantemente financeiro. As indústrias estão sob o controle de rentistas e, mais do que isto, são os rentistas (banqueiros) que ditam as políticas econômicas das nações, que, gradativamente, vão perdendo suas soberanias para se submeterem à vontade do capital financeiro internacional e sem pátria, vulgarmente chamado "mercado".

Surge, assim, uma elite financeira que se distancia cada vez mais da grande massa, que é tratada simplesmente como consumidora. O ser humano cada vez é menos reconhecido e respeitado como um ser que tem dignidade, passando a valer por sua capacidade de consumir. Quem não consome está à margem de qualquer possibilidade de progresso.

Esta revolução econômica é sutil ao ponto de granjear defensores dentre os que já estão sendo pauperizados, mas pensam que não estão ou então que não serão atingidos pelos efeitos das mudanças. Estão aí para demonstrar os precarizados prestadores de serviços por aplicativos. Enquanto os donos do aplicativo, com um número reduzidos de empregados, aufere lucros astronômicos, os "empreendedores uberizados" custeiam todo o serviço que prestam (pagam gasolina, manutenção do veículo, impostos, seguro) e ganham o que mal garante o nível de sobrevivência. Mas não é só. O "home office" obriga o trabalhador a dispor de espaço na sua própria casa, dispender gasto de energia elétrica e internet, trazendo economia para seu empregador, que deixa de precisar de manter imóvel e todas as condições de trabalho. Ou seja, o empregador passa a ter um ganho e o trabalhador uma perda de seu salário para bancar o trabalho em casa, que, em geral, é mais estafante, pois traz o trabalho para dentro do lar e altera a rotina domiciliar. Mas tudo é feito sob o aplauso de que isto é modernidade.

Assim, os que estão abaixo da capacidade de consumo exigida pelos financistas carecem de qualquer atenção e são desprovidos de oportunidades de melhora no padrão de vida. Instala-se, desta fora, gradualmente a ideia de que o excluído social é um fardo a ser desprezado ou mesmo descartado. Daí, o desinteresse crescente por programas sociais, em especial garantia de acesso à educação e saúde. Já foi comum ouvir que "quem não trabalha não merece comer", mas isto era dito com reservas, mas agora parece ser dito, escrito e ratificado sem qualquer pejo que "quem não consome não merece viver".

O uso do poder político e social, especialmente por parte do Estado, de forma a determinar, por meio de ações ou omissões (gerando condições de risco para alguns grupos ou setores da sociedade, em contextos de desigualdade, em zonas de exclusão e violência, em condições de vida precárias, por exemplo), quem pode permanecer vivo ou deve morrer, é a política da morte, denominada necropolítica. Preste atenção, os sinais estão aí.

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